sexta-feira, 24 de junho de 2011

cacofonia

EUA advertem oficialmente União Européia e Zona do Euro

O envolvimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) nos pacotes de salvação dos países integrantes da Zona do Euro que enfrentam crise de dívida, foi ideia e iniciativa da chanceler alemã, Angela Merkel, que a "decretou" apesar da oposição do ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, e da maioria de seus parceiros.

A lógica da chanceler era simples: disseminar a responsabilidade institucional e o financiamento dos pacotes de salvação fora da Zona do Euro, mas, também, funcionarem as receitas de saneamento "decretadas" no passado pelo FMI fora da Europa, como ameaça para dissuadir os habitualmente envolvidos com a flexibilidade fiscal.
Exatamente um ano depois, o FMI exige, em forma de ultimato, previsibilidade, isto é, garantia da necessidade de empréstimos da Grécia para os próximos 12 meses, a fim de liberar sua quinta parcela de contribuição do pacote.
Ao que tudo indica, trata-se de um recado à Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e todos os demais países integrantes (ou não) da Zona do Euro que forem obrigados, possivelmente, a recorrer ao Mecanismo Provisório (EFSF), assim como ao Mecanismo Permanente (ESM), e não só.
A essência dura do recado é que o FMI registra as reviravoltas e o vaivém do governo de Berlim no gerenciamento da crise de dívida pública na Zona do Euro como imprevisível factor de desestabilização em nível mundial e, principalmente, uma bomba-relógio no esforço do governo de Washington para recuperação da economia norte-americana.
Em outras palavras, o ultimato do FMI, que pressiona para a cobertura das necessidades da Grécia aqui e agora, é a continuação das intervenções do presidente Barack Obama e de seu secretário de Tesouro, Timothy Geithner, toda vez que apresenta-se com culpabilidade alemã envolvimento na blindagem da Zona do Euro.
Mas é também algo mais do que visível. É que a intervenção do FMI na CACOFONIA da Torre de Babel européia teria sido realizada antes, de duas semanas, se não houvesse acontecido o caso que impediu a Dominique Straus-Khan ir a Berlim para encontrar Merkel.
Tudo isso somado revela em que ponto, exatamente, encontra-se a complementação européia 12 anos após a constituição da Zona do Euro. Há um ano, o envolvimento do FMI nos pacotes de salvação registrava-se como envolvimento ou, ainda, pior, como reviravolta no esforço de circunscrição da União Monetária Europeia pela governança económica.
Hoje, tanto o FMI quanto o Governo dos EUA exercem asfixiante pressão sobre a Zona do Euro para um "mínimo" de responsabilidade e previsibilidade na administração da crise de dívida pública. Trata-se de um cenário distante anos-luz da retórica de plena emancipação européia, enquanto, tudo lembra o início da unificação européia, no final da década de 1940.
Foi quando, os EUA, em nome da melhor administração do Plano Marshal, promoveram e impuseram opções de superação dos choques e dos antagonismos do passado no Velho Continente.
Mas, hoje, os relacionamentos são diferentes, os EUA e as instituições internacionais, nas quais a influência norte-americana tem peso incomparável, como o FMI, enviam recado de que não assistirão como meros espectadores uma crise de longa duração na Zona do Euro e na UE.
O "recado" é claro a todos aqueles - em Berlim, Helsínquia ou outra qualquer capital europeia que têm a falsa sensação de que poderão evitar o custo da blindagem total da Zona do Euro e de que colocam em risco equilíbrios económicos mundiais frágeis.